Todos nós somos igualmente sacerdotes?
Todos nós somos igualmente sacerdotes, o que quer dizer que temos o mesmo poder no que diz respeito à Palavra e aos Sacramentos. Contudo, ninguém pode fazer uso desse poder exceto pelo consentimento da comunidade ou pelo chamado de um superior. (Pois o que é propriedade comum de todos, nenhum indivíduo pode reclamar para si mesmo, a não ser que seja chamado).1
O Ofício do Ministério Público foi instituído por Deus e deve ser distinguido do ministério que Deus deu para todos os cristãos: o Ofício das Chaves – o privilégio e o dever de proclamar as boas-novas da salvação, a autoridade para perdoar ou para reter pecados e a responsabilidade de administrar os meios da graça, que são chamados de sacramentos. Pedro chama os cristãos de “raça eleita, sacerdócio real…a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz,…a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe 2.5,9).
Com isto em mente, Lutero comentou que se um cristão “estiver em um lugar onde não haja quaisquer outros cristãos, ele não precisa nenhum outro chamado além daquele que vem de dentro para ser um cristão chamado e ungido por Deus…ainda que nenhum homem o chame para fazer isto”.2
Deus, no entanto, não chamou cada cristão para exercer o Ofício das Chaves publicamente. A Escritura claramente se refere ao estabelecimento divino de um ofício especial para este propósito: At 13.2-4; 20.28; Rm 1.1; 10.15; 1Co 3.5; 4.1; 12.28-29; Ef 4.11; 1Tm 4.14; 5.22; 2Tm 1.6; 1Pe 5.2.
As Confissões Luteranas, Chemnitz, e, mais tarde, Walther, mantiveram a distinção:
O ministério público da Palavra e dos Sacramentos na igreja não está confiado aos cristãos em geral (1Co 12.28; Ef 4.12). Pois um chamado especial ou particular é requerido para tal (Rm 10.15).3
Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamado regular ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou administrar os sacramentos na igreja. (CA, XIV)
O santo ministério da Palavra ou ofício pastoral é…diferente do ofício sacerdotal que todos os crentes têm.4
Para que alcancemos essa fé, foi instituído o ministério que ensina o evangelho e administra os sacramentos. Pois, mediante a palavra e pelos sacramentos, como por instrumentos, é dado o Espírito Santo, que opera a fé, onde e quando agrada a Deus, naqueles que ouvem o evangelho. (CA, V, 1-2, Lat.)
Não Há Chamado Geral para o Ministério Público
Deve ser feita uma distinção entre o “chamado” geral, o qual todos os cristãos têm e o “chamado” para abraçar o ofício público do ministério. Todo cristão tem um chamado para viver a vida dele ou dela como um cristão para, em toda situação, carregar o testemunho sobre a verdade de Jesus como a nossa satisfação vicária. (Infelizmente, muitos cristãos acatam a visão secular de que, os meios para ganharem sua subsistência são sua única vocação, esquecendo que seu primeiro chamado é para ser cristãos. Essa infeliz visão tem graves conseqüências para a fé e a vida cristã.) O chamado para abraçar o ofício do ministério público, no entanto, é o convite e designação específicos dados por Deus através da igreja para um homem, a fim de que ele exerça o Ofício das Chaves publicamente (i.e., para servir em favor da igreja, sendo responsável por ela diante de Deus).
Embora algumas pessoas falem a respeito de um homem sentir que ele tem um chamado de Deus para estudar para o ministério, tal uso do termo “chamado” pode ser confuso. Estritamente falando, existem apenas dois tipos de chamado: o chamado que todos os cristãos têm e o chamado de Deus através da igreja para um homem, a fim de que ele abrace o ofício de pastor.
De fato, aqueles que gostariam de ser pastores precisam estar convencidos em seus corações de que Deus, trabalhando através de meios e eventos naturais, os guiou para que eles se compromissassem em tempo integral como pastores; que, através de um chamado congregacional, Deus lhes estenderá o chamado específico ao ministério pastoral; e que eles serão equipados para o ministério pastoral se e quando este chamado vier. Eles precisam reunir os requisitos de Deus conforme arrolados em 1 Timóteo 3 e Tito 1. Mas até Deus chamá-los através da igreja para abraçar o ofício, eles não têm nenhum chamado ou ministério pastoral (Cf. Unid II, 3).
Termos e Funções do Ministério Público
Embora o Novo Testamento contenha vários termos que descrevem a função do pastor congregacional, talvez nenhum descreva tão bem sua função fundamental como o nome pelo qual o próprio Jesus era chamado: Rabi (Mestre), que também designa o modelo. 58 passagens nos Evangelhos usam uma forma da palavra ensinar para descrever a atividade de Jesus. O título é dado a Jesus já em seu Batismo e é usado consistentemente por seus discípulos e por outros. E, a fim de que ninguém separasse a função de ensinar do ministério pastoral, note que em Ef 4.11 um único artigo conectado às palavras “pastor” e “mestre”, une-as, formando o termo “pastor-mestre”.
Bispo, Presbítero, Pastor: Embora algumas denominações tenham procurado diferenciar estes termos, a Escritura os usa permutavelmente. Por exemplo, em Atos 20.28 é dito aos presbíteros (presbuteroi) que o Espírito Santo os constituiu supervisores (episkopoi) e ordenou-lhes pastorear (poimainein) o rebanho (Latim, pastor). Em 1Pe 5.1-2 (cf. Nova Versão Internacional), os presbíteros (presbuterous) são encorajados a “serem pastores [poimanate] do rebanho de Deus, que está sob seus cuidados, servindo como supervisores [episkopountes]”.
Cada termo, no entanto, denota uma ênfase particular e ajudará na compreensão do contexto da passagem em que ele aparece.
Episkopos era usado no mundo secular para designar oficiais públicos de Atenas, os quais eram enviados para as colônias a fim de supervisionar os interesses atenienses, executar decretos e coletar impostos. O título indica responsabilidade de supervisionar.5
Presbuterous (presbíteros ou anciãos) parece ter se originado na comunidade hebraica. Em Êx 4.29-31; 12.21 e 19.7, anciãos (pessoas mais idosas e maduras, com base em sua sabedoria e bom senso) representam o povo. Depois da ocupação de Canaã, os anciãos tinham mais responsabilidade e até poderes legais (Dt 19.11-13; 21.1-9; 22.13-21; 25.5-10). No tempo de Jesus, os anciãos eram responsáveis pela orientação religiosa (Mt 15.2; Mc 7.3,5). Pastor (Lat.) é um outro sinônimo para presbítero e bispo (At 20.17, 28-29). A maioria dos leigos não conhece o contexto latino em que surgiu a palavra pastor, no entanto, prefere sua conotação calorosa e pessoal. Qualquer termo bíblico é apropriado.
Muitas pessoas usam o termo ministro para referir-se a pessoa que ocupa o ofício do ministério público. Mesmo usado em linguagem comum, deve-se ter cuidado para diferenciar entre o ofício do santo ministério e o ministério geral de todos os crentes.
Para reiterar, o termo em voga pouco importa. A importância repousa no fato de que o pastor publicamente administra o Evangelho através dos meios da graça.
A fim de que este “caráter especial” do ministério público não seja levado a um extremo, note que este ofício não é sinônimo daquele que os discípulos/apóstolos (incluindo Paulo) abraçaram.
Primeiro, o próprio Jesus, pessoal e imediatamente, chamou os apóstolos para seus cargos especiais. Como Paulo repete em Ef 4.11, eles foram dádivas do Senhor assunto para a igreja. Em Ef 2.20, ele combina os apóstolos com os profetas como sendo “o fundamento” da igreja, juntamente com “Cristo Jesus, sendo ele mesmo, pedra angular”. E em Ap 21.14, João descreve a Jerusalém celestial como construída sobre doze fundamentos com “os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” escrito sobre eles.
Como representantes pessoais do Senhor, os Doze tinham um dever especial e único na história: entregar a revelação que eles tinham recebido. Eles eram os únicos que o próprio Deus tinha escolhido para testemunhar pessoalmente que Jesus era, de fato, o Messias que tinha morrido por nossos pecados e tinha ressuscitado da morte. Eles deviam transmitir este fato sem alteração (1Tm 6.14); e o que eles transmitiram devia continuar sendo transmitido por seus sucessores sem alteração (2Tm 2.2).
Claramente, os apóstolos ocuparam um único ofício, diretamente comissionados pelo Senhor, incumbidos da revelação dos mistérios de Cristo. Como seus representantes, os apóstolos são os mestres da igreja para todos os tempos (Jo 17.6,8,20-26).
Seguindo as orientações dos apóstolos, os chamados para o ministério público tem sido dados através da mediação de outras pessoas, apesar de os chamados ainda procederem de Deus. Assim, por exemplo, Paulo lembra a Tito que nomeie presbíteros (pastores) das congregações em Creta (Tt 1.5). Porque somente à igreja foi dado o poder das Chaves (cf. acima), Deus chama homens para o ofício do ministério público apenas através da mediação da igreja. Assim, “onde quer que esteja a igreja, aí existe o direito de administrar o evangelho. Razão porque é necessário que a igreja retenha o direito de chamar, eleger e ordenar ministros” (Tr., 67).6
Instalação/Ordenação
O rito de instalação declara publicamente o novo relacionamento compartilhado pelo pastor e congregação. Durante a primeira instalação (i.e., ordenação) do candidato, ele declara sua intenção de fazer do ofício a vocação de sua vida. Contudo, o rito per se não admite o candidado ao ministério. Note as palavras do oficiante no rito da ordenação, primeiramente conforme The Lutheran Agenda (“Agenda Luterana”), e também de acordo com a Lutheran Worship Agenda (“Agenda Luterana de Culto”):
O Senhor derrrame sobre ti seu Espírito Santo para o trabalho a ti confiado através do chamado [i.e., não “através da ordenação”].
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, _______ foi chamado pelo Senhor da igreja ao ofício do ministério público.
A Igreja Católica Romana e outras sustentam que a ordenação eleva o candidato ao clero permanente. Em contraste, as Confissões Luteranas ensinam,
palavras essas pertinentes à igreja verdadeira, já que somente ela tem o sacerdócio, por certo que possui o direito de eleger e ordenar ministros. E isso também o atesta um costume comuníssimo da igreja. Pois que antigamente o povo elegia os pastores e os bispos. Depois vinha um bispo dessa igreja ou de uma vizinha, o qual pela imposição das mãos confirmava o eleito, e a ordenação outra coisa não era senão essa aprovação. (Tr., 69-70)
Todavia, o antigo costume da ordenação já era praticado na época apostólica (At 6.6; 13.3; 1Tm 4.14; 5.22; 2Tm 1.6) e não devia ser omitido arbitrariamente.
Por outro lado, a ordenação realmente reconhece e anuncia que o candidato está disponível para o serviço da igreja como um todo.
Em um sínodo de congregações unidas por uma confissão e fidelidade comuns, a boa ordem requer que a admissão ao ofício pastoral ou aos ofícios auxiliares a ele relacionados não seja a ação de uma única congregação ou agência…Esta natureza transparoquial do ofício do ministério público e de seus ofícios auxiliares é importante porque uma pessoa chamada para uma congregação é reconhecida pela igreja toda e, em virtude de sua ordenação ou comissionamento, é elegível para ser chamada por outros segmentos da igreja.7
Portanto, embora um pastor possa não estar servindo em uma congregação por causa de algum outro serviço para o qual foi chamado ou porque ele tenha (por razões válidas), renunciado à congregação e está esperando outro chamado, ele ainda é reconhecido como um pastor ordenado a serviço da igreja e pode ser requisitado para isto – e pode cumprir legitimamente funções pastorais quando pedido por uma congregação.
Chamados Válidos e Legítimos
Desde que o ministério público é um ofício divinamente estabelecido, aqueles que são chamados para servir neste ofício são “servos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.1; Tg 1.1), os quais foram separados para a(s) tarefa(s) e cargo(s) do ofício do ministério público da igreja como um todo. Portanto, um chamado para servir neste ministério deve ser tanto válido (rata) como legítimo (legitimata, recta). Isto significa que o chamado deve ser emitido por aqueles que têm autoridade para fazê-lo e que aquele que é chamado deve ser requisitável por eles (i.e., ser válido); e o chamado deve ser emitido da maneira apropriada (i.e., legítimo).
Um chamado inválido, por exemplo, seria aquele emitido por um pequeno grupo de indivíduos para um pastor que os sirva particularmente em seus lares. A respeito disso, Lutero comentou em sua carta aos “,’neun Männer’ Zu Hervord” (“,’novos homens’ Em Hervord”), de abril de 1532,
O que segue é que nenhum cidadão pode estabelecer uma congregação em sua casa; isto não é aceitável. Há uma grande diferença entre uma reunião comum e pública de pessoas e um círculo familiar; pois o que um cidadão faz em seu próprio lar é de natureza particular.9
Ele também afirmou,
Se dois ou três cidadãos me pedissem para pregar, eu não iria trás de semelhante chamado particular; pois isto abriria a janela aos ministros de Satanás.10
Esta prática (sob circunstâncias normais) constituiria um ato de separação e contradiria um conceito bíblico de congregação como sendo a assembléia dos crentes em uma determinada área, os quais são reunidos por Cristo em torno da Palavra e Sacramentos, ambos salvíficos e fortalecedores.
Objeções à Validade do Chamado
A congregação, e não os indivíduos, torna um chamado válido. Este princípio se aplica se outro pastor (pastor interino ou conselheiro distrital) estiver ou não presente, se quaisquer outros ministros chamados na congregação derem ou não sua aprovação, se a congregação tiver ou não qualquer problema interno não mencionado no documento de chamado, se o chamado for temporário ou permanente, ou mesmo se a votação para o chamado for ou não unânime. Por outro lado, estes assuntos não deveriam ser sumariamente desconsiderados. A igreja ainda precisa de boa ordem.
Uma congregação faz bem, por exemplo, quando segue o precedente aberto no tempo da igreja do Novo Testamento, quando um ou outro apóstolo se fazia presente quando uma congregação estabelecida chamava um ministro (At 1.24; 6.3; 14.23). Um pastor interino ou o conselheiro distrital pode ajudar a manter a boa ordem e pode ajudar a congregação vacante a crescer na compreensão do ofício do ministério, do processo do chamado e da situação singular da congregação. (Ao mesmo tempo, ele será cuidadoso para evitar impor a si próprio indevidamente.)
Assim, também, quando uma congregação tem (e.g.) um “pastor sênior”, sua visão sobre quando e a quem chamar como um ministro(s) adicional(is) deveria ser considerada. Embora a congregação possua um único ofício do ministério, mais que uma pessoa pode ocupar este ofício – e somente a congregação tem a autoridade para determinar se/quando um pastor adicional deveria ser chamado a fim de que o ofício do ministério fosse desempenhado em seu meio.
Nem mesmo problemas internos da congregação invalidam um chamado da mesma. Ainda que uma congregação possa ter tratado vergonhosamente seu pastor anterior, ou ainda que ela esteja presentemente carregada de sérios problemas internos, o chamado de tal congregação ainda é válido, porque ainda há cristãos nesta congregação. Como afirma a Apologia da Confissão de Augsburgo,
Na própria igreja há multidão infinita de ímpios que a oprimem. Por isso, a fim de que não desesperemos, mas saibamos que a igreja ainda assim permanecerá; outrossim, para sabermos que, por grande que seja a multidão de ímpios, a igreja todavia existe e Cristo lhe confere o que prometeu: – perdoar pecados, prestar ouvidos, dar o Espírito Santo. (Ap., VII-VIII, 9)
Mesmo um chamado emitido por uma congregação heterodoxa é válido; as pessoas que emitem um chamado o fazem porque elas são cristãs, não porque elas são membros de uma igreja heterodoxa.11
Nem mesmo a duração do chamado afeta sua validade. Alguns chamados, devido a sua natureza peculiar, incluem um limite de tempo – e.g., a capelania militar e o estabelecimento de uma missão. Neste sentido, a Comissão de Teologia e Relações Eclesiais do Sínodo tem afirmado explicitamente, “não há nenhuma evidência bíblica que indique que todos os chamados sejam necessariamente permanentes ou temporários”.12
E, finalmente, uma votação na qual não houve unanimidade não nega a validade do chamado. Por outro lado, objeções deveriam ser levantadas e resolvidas quando a lista de candidatos fosse apresentada e discutida. Nenhum pastor deveria ser confrontado com um partido de oposição no início de seu ministério; da mesma forma, nenhum membro deveria ser da opinião de que o novo pastor está vindo sem ter sido guiado pelo Espírito Santo. Assim, após a eleição de um candidato pela maioria, a assembléia de votantes geralmente aprova uma resolução subseqüente para tornar a escolha unânime.
Se um pastor tem sérias dúvidas de que a votação tenha sido verdadeiramente unânime, ele deveria aconselhar-se com a congregação que o está chamando. Se ele, em boa fé, aceita o chamado, mas descobre que ele não era o escolhido de alguns e que as objeções desses não receberam a merecida atenção, ele pode superar suas preocupações através do amor e da fidelidade e ganhar a confiança deles.
Emitindo o Chamado
Para ser legítimo, um chamado deve ser emitido da maneira apropriada. Como parte disso, a boa ordem requer que uma congregação emita seu chamado por meio de um diploma de vocação (documento de chamado) juntamente com dados referentes ao sustento e manutenção do pastor, bem como informações sobre a igreja e a comunidade. O diploma de vocação afirma que a congregação requer que o pastor aceite as Sagradas Escrituras como Palavra inspirada de Deus, considere as Confissões Luteranas como uma exposição fiel das verdades bíblicas, pregue e ensine de acordo com elas (Tt 1.9), pastoreie as pessoas da congregação e conduza seu ofício de maneira a valorizar o elevado chamado que ele tem. Se uma necessidade especial da congregação deve ser uma prioridade, o documento de chamado deveria indicar isto. documento de chamado também contém a promessa da congregação de receber o pastor como servo de Deus (1Tm 5.17), de fazer uso e responder fielmente à Palavra graciosa de Deus e orar pelo pastor.
Desde que o ofício do pastor requer seu tempo e energia integrais, o diploma de vocação assegura-lhe que a congregação suprirá adequadamente suas necessidades físicas (e.g., salário, encargos sociais) de modo que ele e sua família não padeçam dificuldades (1Co 9.6-14; Gl 6.6). Todos os assuntos relacionados ao suporte financeiro do pastor devem ser resolvidos no momento em que o chamado for emitido. O conselheiro distrital pode ajudar a congregação a compreender suas responsabilidades e a fazer planos para suprir adequadamente as necessidades do pastor. O pastor deveria ser capaz de viver de acordo com o padrão de vida médio dos membros aos quais ele foi chamado a servir.
É uma desgraça e um pecado se a igreja que é capaz de pagar ao seu ministro um salário digno o compele, a fim de cumprir seu orçamento, a ganhar dinheiro adicional com alguma outra ocupação. Por outro lado, é uma desgraça e pecado se o ministro a quem a congregação paga um salário adequado ainda assim gasta o tempo que ele deveria dar para sua congregação e para o que sua congregação está lhe pagando, fazendo outro trabalho a fim de que ele possa ganhar mais dinheiro. Tal ministro é ambicioso por lucros imundos e indigno do santo ofício, 1Tm 3.3; Tt 2.7.13
Delegando a Autoridade para Chamar
O direito e a responsabilidade de chamar um pastor ao ministério público foi dado à congregação, porém a Escritura em lugar algum delineia como a congregação deve executar esta tarefa. Assim, delegar a escolha de um pastor é algo permitido.
Sob circunstâncias comuns na paróquia, a congregação delega à sua diretoria ou a seus conselheiros apenas a autoridade para selecionar e apresentar alguns candidatos a partir de uma lista mais extensa. Experiências do passado advertem contra a prática de os membros delagarem todos os seus direitos como sacerdotes espirituais. Cada um e todos os membros da congregação tem a responsabilidade solene de chamar o pastor, dolorosas repercussões freqüentemente se desenvolvem quando a escolha de uns poucos não encontrou favor por parte da congregação como um todo.
Por outro lado, quando congregações juntam-se para executar o ministério público (e.g., em um ministério hospitalar, em uma instituição sinodal de educação), a boa ordem dita que eles realmente deleguem a outros a autoridade para chamar.
A existência do Sínodo indica precisamente que a igreja deve fazer o seu trabalho conjuntamente. O Sínodo não é uma organização a parte. Ele é a comunhão confessional de todas as congregações. Neste caso, em comum acordo, certos ofícios são preenchidos pelo Sínodo ou por suas comissões através da autoridade delegada por parte das congregações.14
Sumário
… Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo. (2Co 5.18-20)
OBS: Livro de Concórdia de 1580 (CA).
OBS: Livro de Concórdia de 1580 (CA).