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· Contra Latomus (1521): A menção da parábola do Bom Samaritano na obra Contra Latomus, alguns meses mais tarde, revela mudanças na linguagem usada por Lutero. O ponto em discussão era o conceito de pecado. Pecado para Lutero era toda prática em desacordo com a lei de Deus. Pela primeira vez Lutero faz uma diferenciação explícita entre “dádiva” e “graça”. Também faz uma clara exposição da doutrina da justificação, onde deixa claro que o homem não tem nela absolutamente nenhuma participação. Pela primeira vez, a parábola do Bom Samaritano é mencionada mostrando uma distinção entre justificação e santificação. Aparece uma nova forma de expressar-se.
· Epístolas católicas (1522): Os temas aqui são semelhantes dos de Contra Latomus. Há uma clara diferenciação entre justificação e santificação. É a primeira vez que Lutero expressa a certeza da salvação. Lutero fez uso da parábola para descrever o processo de santificação, embora a terminologia específica venha a surgir somente mais tarde. No Lutero jovem, Cristo aparece como sendo o nosso próximo. Agora o próximo já não é Cristo, mas todo aquele que tem alguma necessidade. A esta altura já foi possível demonstrar a tese proposta. Através das citações da parábola do Bom Samaritano, foi possível apreciar mudanças teológicas que marcaram a transição entre o Lutero jovem e o Lutero maduro, especialmente o nascimento da distinção entre justificação e santificação. O reformador continuará empregando este texto cristologicamente, mas sempre em referência a santificação.
· Gálatas (1535): Aqui Lutero enfatiza que está falando daqueles que já estão justificados. O resultado é “boas obras”. Usa novamente a parábola para ilustrar a ação do Senhor como o santificador, que está cuidando do cristão com carinho. Já não é Cristo o nosso próximo, mas qualquer ser humano.
· Contra Hanswurst (1541): Em 1541, a parábola aparece no escrito Contra Hanswurst, num contexto onde Lutero discute a relação entre “igreja” e “palavra de Deus”. A igreja é santa porque a palavra que justifica e santifica é pregada por vidas santificadas. Lutero está novamente descrevendo aspectos da santificação pela parábola do Bom Samaritano.
· Sermão na igreja do castelo de Torgau (1544): Neste sermão, Lutero expõe a correta compreensão do mandamento que ordena a guarda do último dia da semana. Lutero novamente lembra quem é o nosso próximo. O foco do texto é novamente a justificação vivida pelo cristão no mundo, o que significa santificação.
· Gênesis (1544): Lutero faz uma distinção entre o pecado original e atual. Escreve contra aqueles que negam o pecado original depois do batismo. Percebe-se que Lutero refere-se tanto à justificação quanto à santificação, que estão diferenciados. Em termos de consolo, há uma grande diferença entre esta época e a primeira fase do reformador.
· Último sermão em Wittenberg (1546): A última menção da parábola do Bom Samaritano aparece no “Último Sermão em Wittenberg”. É a confirmação de que o reformador fez uso desta parábola ao longo de toda a sua carreira. Lutero novamente cita o texto para descrever o processo de santificação na vida do cristão.
Confirma-se que a parábola do Bom Samaritano como usada por Lutero serve de espelho que ajuda a perceber o desenvolvimento da sua teologia, principalmente no que diz respeito à justificação e santificação.