Dentro da história da salvação, o dia de Ascensão esta caindo cada vez mais no esquecimento. São poucas as congregações cristãs que celebram cultos neste dia. E, o que é grave, são poucos os cristãos que se lembram desta data e que sabem o seu significado. Quem quiser comprovar esta situação, precisa apenas perguntar aos membros da igreja o que significa “Ascensão” e terá, muitas vezes, uma desagradável surpresa.
O desconhecimento desta data e o desuso da celebração não tiram, no entanto seu grande significado. Na Ascensão lembramos a subida de nosso Senhor Jesus Cristo ao céu. Ali vemos com clareza a transição do ofício sumo-sacerdotal para o ofício real de Cristo. Ali podemos observar como o plano de salvação elaborado por Deus para a humanidade cumpre todos os seus passos. Jesus Cristo, o servo de Deus, que obediente até à morte sofreu pelos pecados de todos, agora, ressuscitado, sobe ao céu, glorioso, nosso rei, “donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. Examinemos o evangelho para o dia de Ascensão para nos enriquecermos com o grande conteúdo do mesmo. Abramos as Bíblias em Lucas 24.44-53.
1. As Escrituras e a história da salvação (vv. 44-46)
Os versículos 44-49 não relatam acontecimentos do dia da Ascensão. Eles fazem parte do diálogo de Jesus com seus discípulos num dos encontros que ele teve com os mesmos depois de sua ressurreição. No entanto, este diálogo prepara os discípulos para o acontecimento da Ascensão. Jesus está firmando os seus discípulos na fé. Ele faz isto reportando-se à sua pregação, a qual se firmava no testemunho das Escrituras. Nas Escrituras está registrado o plano de Deus para a salvação da humanidade. E este plano tem sua centralidade nos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Consolo sem fim podemos encontrar sempre nas Escrituras. Elas ainda hoje nos lembram a misericórdia e a fidelidade de Deus.
2. A salvação pregada em todo o mundo (vv. 47-49)
Dentro do plano de Deus constava que os acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus fossem anunciados em todo o mundo. Isto deveria ser assim para que todas as pessoas, reconhecendo sua situação de pecadoras diante de Deus, se arrependessem de seus pecados e, confiando em Cristo, recebessem remissão dos mesmos e vida eterna. Esta pregação em todo o mundo era incumbência dos discípulos de Cristo. Deus não deixaria seus discípulos abandonados na execução desta tarefa. Ele os capacitaria com o poder do Espírito Santo que iria acompanhar esta pregação da salvação em Cristo.
Esta palavra de Cristo, desde o Pentecostes, vem se cumprindo. Os discípulos do Senhor anunciam arrependimento para remissão dos pecados. E o Espírito Santo, através desta palavra, produz arrependimento e cria a fé verdadeira. Graças ao cumprimento desta palavra hoje podemos conhecer o Salvador e confiar nele. É importante que, como discípulos de Cristo, continuemos anunciando esta mensagem que está no propósito de Deus que anunciemos.
3. A Ascensão (vv. 50, 51)
Nestes dois versículos nos é descrito o episódio da Ascensão propriamente dita. Jesus abençoou os discípulos e depois se retirou deles, elevado para o céu. Era o cumprimento de mais uma etapa no plano de Deus. Vale a pena conferir João 16. Na sua despedida dos discípulos, Cristo não os abandonava, mas, voltando aos céus, prometeu estar com eles enquanto eles pregavam o evangelho neste mundo (Mt 28.18-20).
4. A confiança na promessa (vv. 52, 53)
A Ascensão de Jesus provocou nos discípulos adoração e louvor a Deus, e alegria. Eles não ficaram nostálgicos, mas, confiantes na promessa de Deus, se dispuseram a fazer o que era da vontade dele, este efeito, certamente, a celebração da Ascensão produzirá em todos os cristãos.
Certamente um acontecimento tão importante na história da salvação e tão rico em conteúdo não merece ficar no esquecimento. Por isto, aos 40 dias depois da Páscoa, lembremos estes fatos, e, animados pelo amor de Deus, anunciemos ao mundo “arrependimento para remissão dos pecados”.
Erni Walter Seibert