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· Preleções sobre Gálatas (1519): O contexto sugere que o homem ainda recebe habilidade de cumprir a lei. O que Deus fez nele e o que Cristo fez por ele é a condição para fazer o que Deus dele pede. Ele ainda tem uma tarefa a cumprir. O comentário de Gálatas de 1519 revela que Lutero já estava muito perto do seu conceito definitivo de justificação, mas a forma de expressar-se anterior ainda domina o discurso do reformador. As distinções ainda não são suficientemente claras. Ninguém é justificado ante Deus pela justiça das obras da lei. Portanto, o caminho da justificação é o da fé em Cristo. Afirma que há dois caminhos para alcança-se a justificação, mas que esses dois caminhos estão em completa oposição: “caminhos externo”, por meio de obras e “caminho interior”, por meio de fé e graça”. Afirma que justificação “é nada mais que invocar o nome de Deus”. A linguagem de Lutero aqui já é muito diferente daquela dos seus primeiros escritos. A luta entre a terminologia antiga e a nova mostram que Lutero está chegando a uma compreensão mais clara do conceito de justificação. Mas ainda não é a justiça de Cristo a que o homem recebe. Aqui Lutero ainda expressa a esperança de cumprir a lei com a ajuda de Cristo que vive nele. Justificação ainda não é diferenciada de santificação. É um processo que acontece durante toda a vida. O homem ferido recém começou a ser curado. Fala de justificação em termos de “união com Cristo”. Sua teologia começa a mudar.
· Quatorze consolações (1520): É estranho o consolo que oferece. O sofrimento aparece como um exercício útil que produz frutos de justiça. Lutero usa aqui as duas palavras lado a lado: justificação e santificação, mas aparecem como sinônimas. Ainda não há distinção entre elas. É preciso chamar atenção de que ainda não aponta para Cristo como a principal e única justiça. Ainda reflete a teologia da cruz do Lutero jovem. Fala de justiça retributiva, alegria no sofrimento, sofrimento em inocência. O pecador reconhece os seus pecados, confessa-os e, justificado, sofre pacientemente. O texto está ainda carregado da terminologia do Lutero jovem. Ainda luta com a linguagem.
· Defesa e explanação de todos os artigos (1521): O contexto onde a parábola é citada é muito similar àquele de Gálatas (1519). Lutero demonstra com muitos exemplos bíblicos que o pecado permanece depois do batismo e que a vida do batizado na terra é uma luta permanente entre duas forças internas e opostas: carne e espírito. O ser humano é pecador e justo ao mesmo tempo, mas o espírito prevalece. O conceito de justificação já está implícito aqui. Lutero ainda fala de salvação como um processo, não sendo ainda totalmente preciso na distinção de justificação e santificação. O Samaritano é identificado com Deus que já iniciou a sua obra terapêutica no homem, mas esta obra ainda não está completa.